segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Rewind: rebobinar


A propósito do convite que a banda Rewind nos fez para ser nossa amiga no facebook, tomámos a decisão de elaborar um post sobre o referido grupo musical de Pereira.
Mas não poderíamos de deixar de falar nesta banda, sem deixar uma reflexão que vai muito para além da música, pese embora sem menorizar e enaltecer o seu trabalho, que tem granjeado elogios.

Rewind, traduzido do inglês para a língua de Camões significa rebobinar.

Ora a palavra rebobinar que serve de ponto de partida.

Outrora, o Rotação, grupo de baile de Pereira, mesmo numa outra dimensão, num outro registo, foi, a seu tempo, um embaixador da nossa terra, a par do inquestionável embaixador mor, que sempre o será, pelo menos assim todos o esperamos, que é o Grupo Folclórico de Pereira.

O Rotação era um grupo de Pereira, que durante a sua existência esteve sempre nos patamares mais elevados na arte de dar música, numa altura em que os bailaricos das aldeias e as festas eram o grande momento de convívio, bem longe da clausura dos dias de hoje.

Segunda as pesquisas que efectuamos, este grupo participou no Só Rock, uma iniciativa da Rádio Comercial com o apoio da C. M. Coimbra e da "Furacão". As eliminatórias decorreram no Jardim da Sereia, em Coimbra. A primeira eliminatória foi em 2 de Maio de 1981. A final realizou-se em 5 de Julho no Estádio Municipal de Coimbra com a vitória dos Alarme de Carlos Cavalheiro (Nazaré). Os Opinião Pública e Xutos & Pontapés (Lisboa), WC (Braga), Manifesto (Coimbra), Megahertz (Cantanhede), Kamikaze (Lisboa) e Jarojupe (Viana do Castelo) foram outros dos grupos participantes, além claro do Rotação.

Em jeito de Rewind, rebobinar, Pereira viva então numa plenitude social, onde tudo acontecia de uma forma simples, espontânea, com coragem, com vigor, num espírito de grande mobilização, numa clara afirmação de “potência” regional, na época de consolidação da doutrina partidária do Partido Socialista, que dominava tudo e todos, mas mais esquerdista, logo mais social, com quadros que eram mobilizadores, que souberam granjear simpatias, num domínio quase absoluto, mas traduzido nalgumas mais-valias para a freguesia, outrora ostracizada pelo poder de Montemor-o-Velho, que, mais uma vez rebobinando o filme da história, motivou um movimento para a mudança para o concelho de Coimbra.
Nessa altura pertencer a uma associação, ao Grupo Folclórico, levar a efeito uma festa popular, era um privilégio, ao qual só alguns podiam ter acesso.

Hoje vivemos numa quase antítese desses tempos, num arrastamento social, onde grassa a desmobilização, a faltam a objectividade, os valores, os ideais, onde estar no voluntariado, nas causas sociais, passou a ser um “fardo”, pesado para alguns, porque os tempos são outros e as respostas no terreno às novas solicitações são quase nulas, deixando toda uma nova geração à deriva, entregue a si própria, sem um ponto de ligação, sem um denominador comum, sem grandes ideais, perdida num mundo que muito mudou em vinte anos.
Até o próprio Partido Socialista, por demérito próprio e por mérito do PSD, perdeu a posição dominante nos destinos da freguesia.

Porque os Rewind merecem, completamos este ensaio, para deixar-lhes uma palavra de incentivo, mas também para lhes lançar um desafio:
Façam um concerto, num local público de Pereira. Convidem toda a população. Seria uma maneira de um convivo à moda antiga. Seria uma forma de demonstrar que a vossa juventude está activa, tem outro espírito, outra dinâmica.

Porque neste tempo de clausura social, numa terra de pequenos clusters sociais, nesta espécie de guetos que nos transformamos, era importante federar toda uma sociedade de Pereira desavinda, desunida, desprovida dos valores comunitários.
Vocês podem dar esse mote.

Antigamente, o Rotação participava em todas as festas.
Em que festas é que vocês participam na nossa terra?
Porque é que não há convites?
Porque não participaram vocês, o Grupo Folclórico e o Grupo de Teatro nas festas da Vila?
Para estes últimos: para quem ganhou o prémio de teatro amador do Inatel, porque não um espectáculo, pelo menos nestas festas, nem que fosse para os idosos os para as nossas crianças?
Damos mais valor ao que vem de fora?

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